sábado, 19 de novembro de 2011

Meu novo pedido


Que falta de paciência sem razão. É, é sem razão! Não tenho direito de manifestar esse mal-humor com o mundo, sendo eu tão privilegiada por ele. Mas é que, às vezes, só de vez em quando, eu queria o que eu peço e não o dobro do que eu preciso. 
Tudo porque o Supremo me concede mais do que eu mereço e parece não ver os meus pedidos... Meu conflito interior só reflete minha condição ínfima; é a teimosia da criatura que não alcança a sabedoria do seu criador, mas se une a sua própria natureza ingrata e mesquinha. Cultivamos isso... E eu me envergonho de me sentir assim. Acho que eu estou cansada... E assustada... As horas estão tão apressadas, encolhendo os dias e acelerando os anos. Dez anos se foram tão rápidos que nem deu tempo de sarar as feridas e virar passado, ainda posso sentir as lágrimas aquecidas e a ausência de abraço. E ainda falta tanto tempo para reclamar dos mesmos problemas. Estranhamente, assim eu espero! E quem me ler, por favor, não me pinte louca, apenas compreendo que para provar o doce é preciso suportar ou o calor da panela ou o tempo para que ele esfrie.
E pensando assim, vou tentar um novo pedido: Senhor, que minhas mãos resistam a qualquer temperatura, de modo que, mesmo em chamas, eu não perca a doçura.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Desisti de ter razão


O que eu fiz foi desistir de ter razão, de ser a vítima e implorar remorso. Deixei cair pela janela os pesos do meu coração. Exorcizei memórias de sofrimento para ganhar espaço no meu interior. Ainda existem farpas que me alfinetam, mas eu sou tão resistente à dor que isso pode ser superado. Para ser sincera, hoje eu já nem sei se é dor... É mais saudade... Talvez, aquele pedaço do amor que fica. É como a sua melhor foto que perderam, ou que você deixou cair no caminho de volta, está perdida, pronto e acabou-se! O que se há de fazer? Não há lamento, ira, palavra ou culpa que a traga de volta. Sofrer não muda os fatos! Mesmo porque eu não tenho vocação para sofrimento prolongado. Vocação eu tenho é para sorrir! Sofrimento enrijece a face, não dá pra sorrir amarrado (não eu!). A essa altura, que me importa se eu estava certa? Não parou de ter sol ou chuva, não fez o vento mudar de direção, nem você. Desistindo da razão, optei por mim! Há mais flores no meu jardim.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Esse silêncio

Eu sempre achei que tudo seria fotografia assim que suas palavras me esquecessem. Mas esse silêncio tem me perturbado... Queria dormir e só acordar quando suas lembranças não estivessem mais em minha memória. No entanto, as músicas que não ouvimos juntos trazem você à superfície dos meus pensamentos e me fazem acordar com você alguns dias. E quanto mais distante o tempo nos coloca, mais eu me aproximo do quanto foi verdadeira a história que perdemos no caminho, que não soubemos eternizar, nem mesmo naquele tempo. Tempo árido para mim, enquanto longe de você...
Esse silêncio é coerente, sensato e responsável. Ele só me lembra o quão longe devem se manter o meu caminho, sorriso e olhar dos seus. Porém, a cada palavra a menos, eu desejo saber a mais. Seus medos, desejos e obstinações, suas lágrimas, sussurros e crenças. Sinto te conhecer tão bem, sabendo tão pouco... Queria mais um punhado de sal, ou algumas taças de sorvetes a fim de descobrir quem sou eu em você, a fim de te descobrir. Tempo passado...
Às vezes, penso que não passa de fantasia de uma alma que transborda nas ideias, no caráter ou no temperamento as sutilezas do sentir, sem reservas. Espero "desencantar" e me encontrar com as recordações, com as músicas e com esse silêncio, sem desilusão, sem expectativa de sabor ou temperatura, apenas encontrar com o que já foi, no tempo certo: passado.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Fazendo jardim

O céu brilhou forte. A verdade é que o céu tem brilhado intensamente nestes últimos anos para mim; sou feliz e grata por isso. Flores desabrocham no meu jardim já tão florido... Às vezes chove, mas nada devastador, o suficiente pra fazer germinar sementes e lavar o coração. Contudo, minha natureza, ainda que aspire à divindade, é humana. Dessa humanidade que agradece mas não se sacia.
Queria um pouco mais que brilho... Queria que surgissem arco-íris aos montes e borboletas na minha janela com lampejos próprios dos vagalumes. É o meu jardim... Gostaria da autonomia de decidir sobre o que brilha ou não nele! Mas é normal... Às vezes, esqueço que minha natureza é humana... não decido o meu jardim. O que me cabe é cuidar bem dele! É só assim que surgem todos os versos e poemas que compõem um jardim, é no trato que brotam as mais lindas flores, compostas com um pouco mais do que cor e cheiro, mas carregada de sentido e emoção. Hei de mais florir!

terça-feira, 24 de maio de 2011

Eu desisti, mas me importo

Eu quis te dar o meu afeto, minhas palavras e atenção. No começo, até um pouco mais que isso, porém, logo eu vi que era muito. No entanto, estive todo tempo focada em apoio e leveza. Mas você sempre se defendeu, inclusive de gestos e palavras afetuosas. Eu medi palavras, ampliei limites, exercitei a compreensão, busquei sorrisos e cedi silêncios. Tudo em vão? Não sei bem...
Fato é que gentilezas são sussurradas enquanto sua dureza é imposta tijolo a tijolo. E, ao ver os muros sendo construídos, me resignei. Desisti de fazer você ver as cores do mundo daqui de fora, mesmo com suas falhas e manchas, há dias de cores lindas.
Embora resignada, me importo! Fico olhando pelas frestas que você me deixou e tento me acostumar com essa imagem, que você é feliz, ao seu modo. Contudo, eu não me convenço! A alegria é como a luz, não atravessa paredes... E você fica tão bem quando está sorrindo, seu rosto tão iluminado.
Olhando daqui, acredito que seus muros não lhe trazem segurança, apenas distância. Distância de outros sorrisos, da beleza humana e de sua fragilidade, do gesto gentil, da palavra amiga, do abraço caloroso. Mas, se insiste em fazer muros, abra-lhes janelas, para que, ao menos, de vez em quando, a gente possa se encontrar e trocar essas palavras de beleza e gentileza que, eu sei, você conhece.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Chega!

Chega, que eu estou largada, com a cabeça embaralhada e o coração na mão batendo compassado. Já está no tempo dele explodir no peito, soltar o freio e descer na contramão. A saudade já está vencida e a tristeza suprimida. Chega... Mas, chega com uma porção de cheiro, tempero e medo pra dar sabor. Minha mão está ficando fria, traz a tua aquecida junto com o teu coração.
Não mudei muito. Um pouco mais de perto e vai perceber que estou do mesmo jeito de sempre, só que de jeito diferente. Deve ser porque andei crescendo, crescendo por dentro e por fora, sem ser o bastante. Ainda me faltam aprender as palavras que não escutei e as histórias que me esconderam. Falta saber de sabores, temperaturas e cores. Falta aprender a me perder no caminho, a dançar na chuva, a dizer sim. Quero até andar de olhos fechados, mas só se você me der a mão.
Chega. Para eu deixar de ser largada para ser chegada. Ser a tua chegada, tua espera ao alcance, conquista do teu caminho, vitória do teu querer.
Chega...

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Lágrimas de alegria

Enfim, eu chorei as lágrimas de alegria com suspiros de esperança. É fruto, é obra partilhada, produto coletivo sob vozes das mais variadas qualidades, intensidade e intenções. E duas mãos... apoiadas por outras tantas que poderá cumprimentar e das demais que desconhece.
Enfim, eu suspirei de alívio, ainda que não seja o fim. Mas, as janelas se abrem e há frestas de sol de um mundo que eu deixei em segundo plano, sutil, silenciosa e resignadamente.
Se eu lamento? De maneira nenhuma. Enquanto isso, plantei sementes férteis das quais suponho poder colher doces frutos.
Sei mais do que pensei saber um dia e descobri que sei muito menos do que poderia e do que desejo. Há sempre muito a aprender sobre estas e todas as outras coisas. Levo tudo e um pouco mais, hoje e para sempre.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Sentidos

Luz
Pitada de feitiço
Eu meio tonta
Seu sorriso

Aroma que dá sabor
Delírio
Eu embriagada
Seu cheiro

Escusos
Bondosos
Eu totalmente confusa
Seus olhos

Parou o tempo
Flores em todo terraço
Eu indefesa
Seu abraço


sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Depende de mim


"Hoje levantei cedo pensando no que tenho a fazer antes que o relógio marque meia noite. É minha função escolher que tipo de dia vou ter hoje.

Posso reclamar porque está chovendo ou agradecer às águas por lavarem a poluição. Posso ficar triste por não ter dinheiro ou me sentir encorajado para administrar minhas finanças, evitando o desperdício. Posso reclamar sobre minha saúde ou dar graças por estar vivo.
Posso me queixar dos meus pais por não terem me dado tudo o que eu queria ou posso ser grato por ter nascido. Posso reclamar por ter que ir trabalhar ou agradecer por ter trabalho. Posso sentir tédio com o trabalho doméstico ou agradecer a Deus por ter um teto para morar.
Posso lamentar decepções com amigos ou me entusiasmar com a possibilidade de fazer novas amizades. Se as coisas não saíram como planejei posso ficar feliz por ter hoje para recomeçar.
O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser. E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma.
Tudo depende só de mim.”
Charles Chaplin




segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Sua verdade

Verdade. Foi o que você me disse que era, mas não havia verdade nenhuma! Você falou dos meus sonhos feridos, das minhas lágrimas e da culpa que me perseguiu e que não era minha. Falou das suas escolhas, dos seus planos e da sua covardia. Você não me protegeu ou eu não me sentiria ferida mais de uma vez. O que você fez de verdade foi se proteger, e você se protegeu bem... Se protegeu da minha alegria, das minhas conquistas, da minha companhia e, principalmente, do meu amor. Ele podia ter sido seu como nunca fora para mais ninguém. Foi a primeira vez que eu desejei que alguém fosse para sempre...
Não me fale em verdades, você não sabe o que é isso! Verdades eram as coisas que eu te dizia, os planos que eu fiz pensando em você. Verdades foram as risadas que eu dei ao seu lado e a vontade que eu sentia em te ver de novo assim que você virava a esquina. Era verdade a minha expectativa da sua ligação e minha mão fria com seus beijos. Isso sim era verdade...
O que você guardou pra você como se fosse um tesouro não tem mais valor. O que você guardou perdeu a validade, só me fez mal. Deixou pra dizer todas as palavras que eu quis ter ouvido num cenário indevido... Suas palavras não deveriam incluir as lágrimas que eu derramei e a tristeza que senti. Não me fale em verdade, você não sabe o que é isso.
Você apareceu de novo pra me lembrar de um tempo bom que não existe e apenas para confirmar que ele não volta mais. Só abriu feridas que você não conhece porque se protegeu de mim. A verdade é essa!

Espero

Espero encontrar você, o mais breve possível. De repente ou com hora marcada, em qualquer lugar...
Apenas espero encontrar você, totalmente.
Na esquina, no shopping, num bar, nesta ou naquela rua. No meu lugar preferido ou no seu! Mas, me encontra...
Meu pensamento te visita sempre, mas quero que minhas palavras toquem você, encostem no teu ouvido, ajam sobre a sua pele, de maneira que você sinta a melodia, o aroma e o sabor de cada uma delas.
Te encontrar é o que eu quero! Sem me constranger se você me encontrar antes.
Quanto tempo mais vou esperar? Esse tempo, que eu não entendo, tempo que às vezes causa angústia e tristeza. Estranhamente, porém, traz paz, uma expectativa sutil e agradável.
Contudo, se eu te encontrar, encontrar você totalmente, num encontro desvelado, por entre sorrisos e sutilezas, o tempo já não vai mais importar... Todo sentido vai existir em estar na sua companhia.
Talvez não ouçamos os sinos, mas sentiremos no calor de nosso abraço o mesmo tilintar em nossos corações.
Por entre sonho e realidade, flores e cansaço, entre ruas e olhares, espero você, espero encontrar você.