sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Vazio

Estou cheia de um vazio que não é mudo nem inocente. Impede as horas, rasga o tempo. É vazio que escorre e se espalha, denso, molesto: contamina os fazeres, os sentidos, os gestos e as palavras. Nasce antes do sol e não dorme com a noite. Inquieta.

Não é sensação, instante, é estado. É febre, frio, lampejos de taquicardia, inapetência, letargia, boca seca. É espera e urgência! Profundas misturas de falta e excesso.

Tenho por obviedade a incerteza e a necessidade de consistir, existir. De longe dá pra se ver o desejo agudo de voltar a renascer de novo e o medo à espreita.

E eu podia dar uma festa, se quisesse ser outra. Mas sendo eu mesma, recolho pedaços e palavras, lhes dou cuidado, reciprocidade e respeito. Há dor e toda dor exige seu luto.

Valha-me Deus! Valha-me nessa fresta de vida em que os pés estão suspensos do chão, se não por suspiros por gemidos.