Que falta de paciência sem razão. É, é sem razão! Não tenho
direito de manifestar esse mal-humor com o mundo, sendo eu tão privilegiada por
ele. Mas é que, às vezes, só de vez em quando, eu queria o que eu peço e não o
dobro do que eu preciso.
Tudo porque o Supremo me concede mais do que eu mereço
e parece não ver os meus pedidos... Meu conflito interior só reflete minha
condição ínfima; é a teimosia da criatura que não alcança a sabedoria do seu
criador, mas se une a sua própria natureza ingrata e mesquinha. Cultivamos
isso... E eu me envergonho de me sentir assim. Acho que eu estou
cansada... E assustada... As horas estão tão apressadas, encolhendo os dias e
acelerando os anos. Dez anos se foram tão rápidos que nem deu tempo de sarar as
feridas e virar passado, ainda posso sentir as lágrimas aquecidas e a ausência de
abraço. E ainda falta tanto tempo para reclamar dos mesmos problemas. Estranhamente, assim eu espero! E quem me ler, por favor, não me pinte louca,
apenas compreendo que para provar o doce é preciso suportar ou o calor da
panela ou o tempo para que ele esfrie.
E pensando assim, vou tentar um novo pedido: Senhor, que
minhas mãos resistam a qualquer temperatura, de modo que, mesmo em chamas, eu
não perca a doçura.
Mesmo com tanta coisa boa e gratidão, nos pegamos no meio da falta de paciência do cerco que nos invade, ora de coisas extremamente divina e ora com tanta coisa fútil, talvez a nossa percepção de dosar o momento entre o calor e o frio da panela quente nos incomede por muitas vezes em errar na hora de provar o doce, mas que o pedido seja atendido e que nós sejamos sempre o doce e não a panela quente. Parabéns pelo texto.
ResponderExcluirOlá, Mitchel!!! Obrigada pelas palavras! Só as vi hoje, o que não significa que elas foram menos oportunas. Seja bem vindo e sinta-se à vontade aqui! Fico feliz pela atenção. Um abraço!
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