sábado, 29 de maio de 2010

Um sorriso só pra mim

Quero comprar um sorriso!
Na realidade o que eu queria era ganhar esse sorriso! Até porque, de repente, o preço é alto demais e eu não sou do tipo que faz investimento de alto risco. Mas quanto valeria aquele sorriso... só pra mim? Dá até vontade de arriscar...
Ah! É lindo de ver. Tem luz e cor. Combina malícia com tons angelicais. Aroma suave de alvorada. Deve ser um sorriso completo! Mas não deu pra provar... Só pra ver e sentir. Então não sei o sabor, mas pelo aroma, imagino algo doce e suave.
Se for pra comprar, o tempo é um bom negociador, ele colabora pra que se possa conhecer o objeto de consumo, avaliar a relação custo-benefício, inclusive pode até favorecer a desvalorização do produto, tornando este, digamos, mais acessível.
O fato é que eu não sou boa de investir... E, na realidade, certas coisas são melhores quando se ganha! Não se tem o que reclamar do que se ganha. Nem o ganhador, nem o doador, nem a concorrência. Ora! Você ganhou! Dado não é roubado.
Bom, foi apenas um desejo: um sorriso só meu! Só que não sei quanto custa, pior, nem se está à venda. Não sei  nem se teria coragem de pagar. Mas vamos combinar, não custava saber o preço.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Ainda sobre as afasias...

Este link leva a um vídeo de uma pessoa afásica.
Como já mencionei, existem vários tipos de afasia, esse é um tipo de comprometimento.

http://www.metacafe.com/watch/1868401/afasia/


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Manuscritos

Parece que sempre tentei traduzir sentimentos em palavras. Há alguns anos tentei fazer um diário, tratava-se mais de um caderno de desabafo do que um registro do dia. Enfim, achei coisas que ainda me parecem interessantes e que me remetem a um tempo de conflitos internos, descobertas e anseios. 
E percebo que esse "tempo" não passou porque é um estado. Conflitos internos, descobertas e anseios é um estado constante de quem espera acordar um pouco melhor do que conseguiu ser ontem.
Mas como eu falei, são tentativas, tanto a tradução quanto a melhora. Saí de casa é uma tentativa, a de chegar a algum lugar. É o que fazemos todos os dias, tentar! Tentar melhorar no emprego, tentar estudar mais, tentar ser mais honesto ou tentar se dar bem de qualquer jeito. Tentar ser mais feliz ou ser feliz umpouco, ou uma vez feliz. Tentar conquistar alguém ou alguma coisa. São tentativas... 




31/01/2003 - 22:37
"Não acredito em destino (nessa coisa de estava escrito), mas acredito que existem coisas em nossas vidas que precisam acontecer. É como se fosse um nó, uma porta. Um ponto que vai nos permitir escoleher, que nos dá a chance de mudar ou não o rumo de nossas vidas. Eu não sei exatamente como explicar, mas garanto que ocorre com todas as pessoas. É exatamente o momento em que você, mesmo sem perceber, pode ser uma nova pessoa ou pode dar um novo sentido para sua vida. Só que nem sempre a gente acerta na escolha, nem sempre a gente quer desatar o nó..."




E nas palavras de Charles Bukowski:

Se vai tentar 
siga em frente.

Senão, nem começe!
Isso pode significar perder namoradas
esposas, família, trabalho...e talvez a cabeça.

Pode significar ficar sem comer por dias,
Pode significar congelar em um parque,
Pode significar cadeia,
Pode significar caçoadas, desolação...

A desolação é o presente
O resto é uma prova de sua paciência,
do quanto realmente quis fazer
E farei, apesar do menosprezo
E será melhor que qualquer coisa que possa imaginar.

Se vai tentar,
Vá em frente.
Não há outro sentimento como este
Ficará sozinho com os Deuses
E as noites serão quentes
Levará a vida com um sorriso perfeito
É a única coisa que vale a pena.


terça-feira, 25 de maio de 2010

Afasia. Calma, por favor, eu explico! ;)

Esse blog não tem a intenção de ser um espaço para discussões científicas mas de pretende ser um espaço para compartilhar parte de mim. E porque metade de mim é a lembrança do que fui [e] a outra metade eu não sei não posso deixar de registrar a minha parte que é acadêmica.
Já há alguns anos, venho me dedicando ao estudo da afasia e “obrigo” todos os meus queridos amigos a me acompanharem nesse processo. Tadinhos... (rsrs) Mas o que diabos é afasia, não é? Vou tentar respondê-los e justificar a minha dedicação a isso, ok? E como sempre, conto com a compreensão de todos.

A afasia é uma patologia capaz de emudecer os sentimentos e os desejos ao calar a palavra. Seu principal sintoma é a dificuldade na comunicação, comprometendo significativamente a interação social, gerando sofrimento. Indivíduos que perderam a capacidade de se comunicar, por exemplo, integram um “mundo à parte”, onde a palavra que se tem é calada pelos sintomas de uma patologia.
Há vários “tipos” de afasia. Há casos mais leves e outros altamente comprometedores, levando a pessoa à total falta de comunicação. Em alguns casos, a fala dessa pessoa parece a de alguém que desaprendeu a falar, como se fosse um estrangeiro tentando lembrar as palavras de uma língua que ele conhece mal. Em outros casos, assemelha-se com uma fala de pessoa perturbada mentalmente.
Não há nenhuma alteração motora. O problema é de ordem neurológica. Como se o trajeto neurológico que leva a informação que ouvimos até ao cérebro para que possamos interpretar e o que permite que selecionemos o quê e como falar estivesse danificado. Todos os órgãos que envolvem a produção da fala estão íntegros nesses pacientes. Anatômica e fisiologicamente nada os impede de falar. Assim, o que se vê nesses pacientes é um conflito entre o “dever fazer” e o “poder fazer” o que leva muitos sujeitos a uma experiência de isolamento por se reconhecer um indivíduo desacreditado.

Seus sentimentos mais profundos sobre o que ele é podem confundir a sua sensação de ser uma “pessoa normal”, um ser humano como qualquer outro, uma criatura, portanto, que merece um destino agradável e uma oportunidade legítima (GOFFMAN, 1988, p. 16).

A afasia é decorrente de lesão cerebral. Contudo, nem toda lesão no cérebro leva à afasia, mas todo quadro de afasia prescinde dano no cérebro. É decorrente principalmente de acidente vascular cerebral (chamado AVC ou derrame), mas também acontece devido a tumores, doenças infecciosas (como a meningite), doenças degenerativas (como a esclerose múltipla ou as demências), acidentes com traumatismo cranioencefálico, tensão metabólica (intoxicações), epilepsia.

A Fonoaudiologia nasceu com uma concepção de distúrbios da linguagem carregada de preconceito e discriminação fomentada pela política vigente, a qual, com vistas à normatização da língua, denominou distúrbio o que se afastasse do padrão (BERBERIAN, 1995). Nessa perspectiva, destinou-se a reabilitação aos desviantes e desacreditados. O fazer fonoaudiológico supervalorizou a identificação de sinais e sintomas e a descrição de aspectos anátomo-fisiológicos dos distúrbios (SOUZA, 1987) e, ao invés de re-socializar os indivíduos, colaborou para com sua segregação. Além disso, os profissionais reduzem a identidade sócio-histórica do sujeito ao termo “afásico”, com terapias descontextualizadas resultantes de uma concepção de linguagem estruturalista. São atividades que valorizam a repetição, nomeação, sequenciamento de palavras. E para mim, isso não constitui linguagem.

Bakhtin (2003) apresenta a linguagem como um processo interativo em que fala e escrita, na práxis social, compõem uma manifestação comunicativa em que emergem a multiplicidade, a diversidade, a polifonia, o dialogismo. Essa interação social pela linguagem acontece através dos gêneros textuais, que representam um agir semiótico com funções e lugares sociais específicos e recorrentes (BAZERMAN, 2006; MILLER, 2009).
É nessa perspectiva de (re)socialização com a linguagem em uso que defendo a prática terapêutica na afasia e que venho constituindo meus estudos e pesquisas.

Parte desse texto retirei de um artigo científico que venho escrevendo, por isso as citações.
Espero que me amem mais depois disso (rsrsrs).

A Voz (Vander Lee)

Saiam luas, desçam rios
Virem páginas dos pensamentos
Lanço estrelas do meu canto
Sobre as camas dos apartamentos
Virem mares todos os sertões
Que choram pedras aqui
Dentro
Pra esse fogo que queima tão lento
Vento, vento, vento
Aos cantores nos televisores
Flores, flores, flores
Para o povo la em bocaiúva
Chuva, chuva, chuva, chuva,chuva

Bate tambor de criôla
Sangra o dedo no tambor
Que as crianças ainda cantam
Numa orquestra de cavacos
E os velhos ainda choram seus bordões
Que palavras sejam gestos
Gestos sejam pensamentos
Da voz que move nossos corações.