quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Palavras em momentos

Corro tanto e, de tanto correr, não chego a lugar algum. Passo direto!

Estou sempre tão atrasada que não dá tempo de conhecer os lugares que vou, os lugares que me levam. Eu não fico, nem levo, apenas passo.

Às vezes passo tão depressa que não consigo deixar nem as marcas dos meus pés, quanto mais deixar palavras. E ficar pra sempre...

As palavras quando ficam, são pra sempre. E carregam cor, aroma e som daquele que as fixou.

Mas eu nunca chego na hora – na hora de deixar palavras para sempre – e quando a hora chega (atrasada), já não é mais momento. As palavras até acontecem, podem até ficar, mas perdem a força de tornar a hora momento. O momento ficou congelado lá trás, perdido no tempo que não volta, que não se deixa voltar.

O tempo é outro amigo inconveniente! Impregnado de costumes, de moral, de regras, de coisas já determinadas. Ouse mudá-lo e se torne tão inconveniente quanto ele. O tempo é poderoso, é difícil alterá-lo... Ele é quem muda as coisas e as transforma; e pior (ou melhor, depende do que se sente) é capaz de mudar as palavras. Pode até enfraquecer as que se fixaram na lembrança.

E a lembrança... não acho que ela seja má! Às vezes, incomoda, eu sei... Mas é que ela só não quer que se perca o que um dia foi bom e que alimentou, de tantas cores, a imaginação.

E essa é a melhor de todas! É silenciosa. Nela cabem todas as palavras. Nela nem o tempo tem poder.