sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Vazio

Estou cheia de um vazio que não é mudo nem inocente. Impede as horas, rasga o tempo. É vazio que escorre e se espalha, denso, molesto: contamina os fazeres, os sentidos, os gestos e as palavras. Nasce antes do sol e não dorme com a noite. Inquieta.

Não é sensação, instante, é estado. É febre, frio, lampejos de taquicardia, inapetência, letargia, boca seca. É espera e urgência! Profundas misturas de falta e excesso.

Tenho por obviedade a incerteza e a necessidade de consistir, existir. De longe dá pra se ver o desejo agudo de voltar a renascer de novo e o medo à espreita.

E eu podia dar uma festa, se quisesse ser outra. Mas sendo eu mesma, recolho pedaços e palavras, lhes dou cuidado, reciprocidade e respeito. Há dor e toda dor exige seu luto.

Valha-me Deus! Valha-me nessa fresta de vida em que os pés estão suspensos do chão, se não por suspiros por gemidos.

domingo, 8 de novembro de 2015

Lembrete

Rasgue de vez esse sorriso que eclode aos assobios das tuas palavras
Liberte essa parte de mim que quer ser inteira
Não me distraia
Não se distraia
Usemos o tempo que quer se dar
Ele corre
E é curto
Olhe os sinais
Não são tempos de paz
Demos-lhe vida
E cor
E risos
Não se demore
Não me canse
Estenda a sua mão
Coloramos solstícios
Nas cores do mundo que vejo
Pelos teus olhos
Com minhas mãos
Com suas mãos
E palavras
E ações
Não me distraia
Não se distraia