Nem perto, nem junto,
nem ao lado. Não, eu não tenho um amor distante! Eu não tenho é amor nenhum. Estou como Arnaldo Antunes: não estou
sentindo nada, nem calor, nem dor.
O que tenho são olhos e ouvidos atentos às sensações
humanas, bem como um caminhão de palavras e sentimentos para doar e florir as
frases e os olhos e ouvidos.
Não estou apaixonada por ninguém (bem queria!). Mas sou
apaixonada pela vida, sou romântica e feliz. Parece-me razoavelmente suficiente
para juntar com palavras e transbordar em cartas que eu não escrevi.
E não me importa se precisar escrevê-las um dia, tenho
tantas palavras que reproduziria o gênero, todos os dias, sem repetição. Meu maior
alimento são as emoções, as minhas e a dos outros, isso me mantém viva, é o que
me faz transbordar em sorrisos, em lágrimas e em palavras.