sábado, 16 de novembro de 2013

Vazinhos dos sonhos

Não sorriu, não floriu o rosto daquela menina que plantou sonhos na janela.
Mas, também, pudera!
Tantos vazinhos, de uma só vez, naquele lugar...
Como faria para, todos os dias, a cada um regar?
Assim, resolveu por todos à vista para provocar encanto,
E logo, foi fácil aparecer alguém para ir colaborando.
Apesar do desejo de ver todos os vazinhos brotando, florindo.
Cuidadosa que sempre fora, não aceitou, assim, à toa
Qualquer mão que tivesse surgido.
Sabia que aqueles seus vazinhos, tão lindos
Precisavam de mais que mãos, água e iluminação.
Mas de nada adiantou seu proceder,
Cada um que passou deixou um lindo vazinho se desfazer.
Pobre menina, sempre a juntar
Todos os pedaços que derrubavam de lá.
Se não despencava, quebrava, murchava, amassava.
Oh, quanta gente sem trato, sem jeito
Com seus lindos vazinhos queridos, do peito...
Pobres vazinhos, pobre menina!
Pobres sonhos cuidados sem nenhuma destreza.
Não sorriu a menina, nem floriram seus sonhos da janela.
E, cuidadosa que sempre fora,
Assustada que ficara,
Guardou todos os vazinhos, dessa janela perigosa.
Encontrou esta saída
E, assim, achou que ficaria protegida.
Contudo, se engana quem imagina 
que lamentou, a menina, todas as suas visitas!
Que de bom grado, foram todas recebidas.
É que aquela menina, cujos sonhos não floriram,
Soube guardar bem toda boa vontade que viu
Naqueles que passaram pela janela que não floriu.
Sabia que eles tentavam fazer o sonho germinar,
Só que, suas mãos não tinham o dom, nem medida certa de manejar
Aquelas plantinhas miúdas tão necessitadas de jeito,
Quase que de oração
Porque eram vazinhos dos sonhos
De dentro do seu coração.

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