Cansei das coisas que não sei, das sensações que não entendo. Estou cheia
das perguntas que não faço e das respostas que não tenho. Estão me incomodando
as palavras que se esvaem, os olhos que se desviam e as mãos que não se
encontram. É muita coisa, tanta coisa e quase nada.
Vejo janelas abertas para a mesma paisagem e nenhum vento, exceto o que eu
insisto em soprar. Não sei se é desejo ou obrigação de fazer o vento entrar, ou
os dois... Tenho contado o tempo em moedas, lamentando cada segundo que gasto
enquanto assisto o desperdício. Se eu pudesse, penso que enlouqueceria... Estou
em devaneios.
Assim, corto a noite no meio sob um caderno com letras só para meus olhos
e palavras para outros corações. Se não interrompo o sono, ele não continua. O
que me toma não cabe em mim. Se eu não o lanço fora invade meu sono, minha
fome, meu sossego: é brotoeja na alma.
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