domingo, 29 de dezembro de 2013

Sei lá... Tudo coisado

Há uma coisa aqui, bem na garganta, que não deixa nada descer. Faz também o peito parar, não infla nem esvazia. É preciso forçar para o ar circular. É coisa que faz o sono em pedaços e as horas em instantes de deserto. Coisa estranha que acha cheiro onde não tem e muda os sabores do que era muito bom. Procuro melodia e não acho, descubro outras que nem existiam... Que coisa! Que coisa?

Praga, profecia, feitiço, fungo, surto, susto, mal-olhado, demência, anemia, encosto, mandinga... Sei lá... Sei que tudo parece meio coisado!

É coisa de apertar! Aperta por dentro, lá dentro, no interior do interior; aperta também as mãos e os pés e os lábios.Tentei apertar mais, numa tentativa frustrada de buscar alívio, ver se estrangulava isso, só que nada...

Ah, coisa ruim! Qual tua alcunha? Revela essa face que me amedronta de uma vez, dá um nome ao meu algoz, de modo que eu me rebele contra ti. Se ao menos soubesse que és, buscaria forças para te enfrentar. Mas quem és, coisa que me perturba as horas e os sonhos? Por fim, liberta meu coração desse peso, desse sufocamento; descoisa meu tempo, meus pensamentos e meus ais.

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